quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Amélie Poulain

  Eu gosto de apreciar pequenas coisas da vida. Um bom texto. Um brigadeiro. Um abraço. Observar meu namorado na praia, seus cabelos pretos contrastando com a cor da areia. Um cobertor quentinho e um livro com o barulho da chuva batendo na janela. O sorriso de um desconhecido na rua. O sol tímido aquecendo a minha pele num dia frio. 

  Acho que às vezes sou como Amélie Poulain do século XXI, trocando a lady Di pela Kate Middleton. Amélie é uma jovem meiga que aproveita os pequenos momentos, como enfiar a mão bem fundo no saco de cereais. 

  E esses são alguns dos meus pequenos prazeres. Só falta-me um fabuloso destino.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Amor próprio

  "Você precisa se amar primeiro para poder amar o outro." Acho que essa é umas das frases mais sem-noção que já ouvi na minha vida. Eu não me amo, nunca me amei. Suporto minha presença, às vezes sou capaz de gostar da minha própria companhia. Mas me amar? Não, amar já é uma palavra muito forte para se tratar do que sinto por mim. Agora dizer que não sou capaz de amar os outros porque não me amo é a maior besteira. Eu amo meus pais, minha cadelinha, meu namorado, meus amigos. E não venha se meter no tipo de amor que sinto. Claro, a vida seria mil vezes mais fácil se eu não vivesse num pé de guerra comigo mesma. As crises de ansiedade talvez fossem menores. As lágrimas talvez escorressem menos. E essa vontade de não existir por achar que não mereço tudo que eu tenho poderia desaparecer.
  Eu queria me amar, de verdade. Mas acho que por querer tanto, não consigo. Parece forçado, não natural. Como amar a mim mesma quando vejo minha cara inchada de choro, quando lembro dos vexames e vergonhas e burradas que passei, sabendo cada defeitozinho que possuo? Como posso me amar sabendo todos os meus pensamentos, sem poder esconder nenhum de mim mesma, apenas para fingir que aquilo não passou pela minha cabeça?

  Em "Cisne Negro" a protagonista ouve a seguinte frase: "A única pessoa que está em seu caminho é você mesma." Bem, essa frase é muito mais verdade para mim que a primeira. Sou sempre eu que me retraio, que freio meus sonhos quando eles estão se tornando realidade. Penso: "sou mesmo merecedora de toda essa maravilha?", porque eu realmente acho que não sou, que não mereço. Que minha existência na Terra não faz muito sentido. Não vim para mudar o mundo, por mais que queira. Se eu desaparecer, talvez algumas pessoas sintam minha falta de primeira, mas depois seguirão em frente como se eu nunca houvesse existido. Eu sou apenas mais uma alma perdida nesse enorme mundo cheio de possibilidades melhores. Ou talvez eu imagine isso tudo e esteja redondamente enganada. Não sei.