"Você precisa
se amar primeiro para poder amar o outro." Acho que essa é umas das frases
mais sem-noção que já ouvi na minha vida. Eu não me amo, nunca me amei. Suporto
minha presença, às vezes sou capaz de gostar da minha própria companhia. Mas me
amar? Não, amar já é uma palavra muito forte para se tratar do que sinto por
mim. Agora dizer que não sou capaz de amar os outros porque não me amo é a
maior besteira. Eu amo meus pais, minha cadelinha, meu namorado, meus amigos. E
não venha se meter no tipo de amor que sinto. Claro, a vida seria mil vezes
mais fácil se eu não vivesse num pé de guerra comigo mesma. As crises de
ansiedade talvez fossem menores. As lágrimas talvez escorressem menos. E essa
vontade de não existir por achar que não mereço tudo que eu tenho poderia
desaparecer.
Eu queria me amar,
de verdade. Mas acho que por querer tanto, não consigo. Parece forçado, não
natural. Como amar a mim mesma quando vejo minha cara inchada de choro, quando
lembro dos vexames e vergonhas e burradas que passei, sabendo cada defeitozinho
que possuo? Como posso me amar sabendo todos os meus pensamentos, sem poder
esconder nenhum de mim mesma, apenas para fingir que aquilo não passou pela
minha cabeça?
Em "Cisne
Negro" a protagonista ouve a seguinte frase: "A única pessoa que está
em seu caminho é você mesma." Bem, essa frase é muito mais verdade para
mim que a primeira. Sou sempre eu que me retraio, que freio meus sonhos quando
eles estão se tornando realidade. Penso: "sou mesmo merecedora de toda essa
maravilha?", porque eu realmente acho que não sou, que não mereço. Que
minha existência na Terra não faz muito sentido. Não vim para mudar o mundo,
por mais que queira. Se eu desaparecer, talvez algumas pessoas sintam minha
falta de primeira, mas depois seguirão em frente como se eu nunca houvesse
existido. Eu sou apenas mais uma alma perdida nesse enorme mundo cheio de
possibilidades melhores. Ou talvez eu imagine isso tudo e esteja redondamente
enganada. Não sei.
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