-Eu tenho medo do
escuro. - ela me sentenciou, sussurrando, enquanto eu desfazia a trança de seu
cabelo, nós duas sentadas em sua cama.
-Não tenha, minha
pequena. - respondi, aproximando-me dela. - Olhe lá fora, nunca está escuro de
verdade. Há sempre a luz do luar ou uma janelinha acesa ao longe. Até quando
vamos dormir, há uma claridade reconfortante ao nosso redor. - eu disse,
apontando para a janela.
-Mas não é esse
escuro que eu tenho medo, mana. É o escuro dentro de mim. - ela apontou para o
peito e sua voz falhou, como se ela estivesse segurando as lágrimas. E eu me
assustei com sua fala, por sua idade tão novinha.
-Mas esse escuro
não é muito diferente do outro, querida. Também nunca vai estar completamente
preto dentro de você. Vai ter sempre uma luzinha para você se agarrar,
lembre-se disso. Ou a luz do luar ou a janelinha acesa ao longe. Mas agarre-se
a ela e você saberá, dentro de você, que nunca está totalmente escuro, que
sempre há uma claridade. E assim você nunca precisará ter medo. Lembre-se
disso: a escuridão nunca domina totalmente e ela vai passar.
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