quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Medo do escuro

  -Eu tenho medo do escuro. - ela me sentenciou, sussurrando, enquanto eu desfazia a trança de seu cabelo, nós duas sentadas em sua cama.
   -Não tenha, minha pequena. - respondi, aproximando-me dela. - Olhe lá fora, nunca está escuro de verdade. Há sempre a luz do luar ou uma janelinha acesa ao longe. Até quando vamos dormir, há uma claridade reconfortante ao nosso redor. - eu disse, apontando para a janela.
   -Mas não é esse escuro que eu tenho medo, mana. É o escuro dentro de mim. - ela apontou para o peito e sua voz falhou, como se ela estivesse segurando as lágrimas. E eu me assustei com sua fala, por sua idade tão novinha.

   -Mas esse escuro não é muito diferente do outro, querida. Também nunca vai estar completamente preto dentro de você. Vai ter sempre uma luzinha para você se agarrar, lembre-se disso. Ou a luz do luar ou a janelinha acesa ao longe. Mas agarre-se a ela e você saberá, dentro de você, que nunca está totalmente escuro, que sempre há uma claridade. E assim você nunca precisará ter medo. Lembre-se disso: a escuridão nunca domina totalmente e ela vai passar.

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