quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Disfarce

   Era uma vez uma bela mulher. Todos a adoravam, pois sua beleza não era apenas externa: ela tinha um brilho mágico. Por onde ela passava, ela fazia amigos, encantando a todos com suas risadas e sua alegria. Mas toda essa felicidade era uma casca. Por dentro havia uma mulher infeliz que usava seu sorriso para esconder a amargura. E toda a tristeza de sua vida provinha de uma pessoa: seu marido, que a humilhava, xingando-a de gorda, grudenta, sebosa, manhosa, irresponsável, estúpida e outros adjetivos deploráveis. Humilhava-a em frente aos amigos e parentes, acrescentando palavrões e rindo como se fosse tudo uma piada. Aquelas palavras feriam, mas nossa heroína disfarçava bem. Brincava, se divertia, mas tudo guardava. Cada palavra era uma facada no coração. Quem a via passar na rua não imaginava o quanto ela sofria, o quanto ela ainda sofre. O quanto se sente solitária ao deitar na cama ao lado daquele homem que ela tanto ama e amou e receber dele nem ódio, apenas indiferença. Ser trocada por uma tela de celular. Ela trocaria tudo por amor. Ela só queria ser amada. Por ele. Ela só queria ser feliz como os que amam e são amados de volta.

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